UM PEDAÇO DE VIDA –
O SEMINÁRIO
Dizem que remonta ao distante ano de 1545, o do 19º concílio
ecuménico ou concílio da contra-reforma, a criação da entidade SEMINÁRIO como
um reconhecido centro de formação sacerdotal.
Na verdade desde cedo que a igreja percebeu, e por isso o reconheceu,
a imensa dificuldade que havia em renovar o clero sem a existência de seminários.
Na perspectiva da IGREJA o internato nos seminários mais não
representava do que a possibilidade de dispor de um instrumento eficaz para formar
um clero normalizado, moralizado e culto, isolando os candidatos, na sua fase
de puberdade, do contacto com o mundo,
da maldade inerente, logo do pecado.
Já na perspectiva das FAMÍLIAS o seminário mais não era que uma
oportunidade única de ter os filhos educados, bem-educados, e integrados numa
classe social prestigiada – o clero.
A proposta pela via do sacerdócio, através do seminário, cumpria
dois objectivos fundamentais:
i.
O
eclesiástico, formar padres;
ii.
O
da oferta de um ensino de qualidade, que a Igreja necessitava e as famílias
pretendiam para os seus filhos.
A formação de base seminarista, à época, fazia sentido na medida
em que era considerado pela sociedade que uma boa educação devia ter formação
religiosa e moral.
Ser seminarista, aluno do seminário, interno ou iniciado, significava
ser um aspirante a padre que, se prosseguisse um percurso normal, deveria fazer
a sua formação em 2 fases:
i.
A
primeira no seminário MENOR, que obrigatoriamente incluía o estudo escolar mas
sobretudo o estudo da FILOSOFIA e TEOLOGIA;
ii.
A
segunda no seminário MAIOR, onde o seminarista era iniciado em receber os votos
até à atribuição da função de padre.
Não era fácil a vida de um seminarista! Era uma vida de
reclusão voluntária e obrigatória que só pontualmente, ou em períodos especiais
do ano, ex. visitas, páscoa ou natal, tinha permissão para visitar ou ser
visitado pelos seus familiares.
A vida de interno, de um seminarista, era uma vida de clausura,
de solidão e de reflexão. A maior parte do tempo de um seminarista era passada
em silêncio, dedicado ao estudo ou à oração, só quebrado pelos horários de
lazer e recreação previstos e permitidos.
Complementarmente, á formação de base escolar e religiosa, o
seminarista recebia ainda formação quanto a postura corporal, boas maneiras e aos
ritos da formação eclesiástica.
O interno-seminarista, como principais obrigações do dia-a-dia,
e por conta própria, tinha que manter arrumados e limpos os seus pertences e
assegurar a sua higiene pessoal.
Mas nem tudo era sério e espartano, para amenizar o pesado
modo de vida imposto pela clausura, e simultaneamente, poder alargar os
horizontes culturais dos seminaristas, eram incentivadas práticas desportivas, em
quase todos as modalidades e, ainda, por exemplo, a participação no coral, preparação
e representação através de grupos de teatro, bem como, a visualização de filmes
devidamente selecionados pelo superior responsável.
A construção da “vida especial”, de um seminarista, assentava
numa longa jornada, que se iniciava muito cedo, após a 4ª classe,
aproximadamente aos 10 anos de idade, e que passaria por diversas etapas,
nomeadamente:
i.
Detecção de Vocação, aferida na frequência da catequese
e muito influenciada pelo pais;
ii.
Preparação do esteio, com a entrada no seminário onde o
seu tempo era preenchido com muitas actividades – estudo, oração, actividades
culturais e desportivas;
iii.
Assumpção de uma vida de solidão, sedimentada pela prática diária de
rotinas e isolamento que o levassem à assumpção de uma vida isolada e
independente;
iv.
Resistência à tentação, sendo formatado para não optar por
pretender ter o tipo de vida da sociedade exterior ao seminário, ou vida
idêntica à de antigos companheiros de escola, por exemplo;
v.
Interiorização da sua missão como
padre, aceitar o
seu destino de consagração total e exclusiva ao sacerdócio; e
vi.
Tomar a sua decisão, aceitar ou rejeitar a vocação de
ser padre e consequentemente uma vida de espiritualidade, renúncia, humildade e
obediência.
TUDO ISTO FEZ PARTE DA MINHA VIDA ATÉ À FASE designada Resistência
à tentação, QUE NÃO PASSEI E POR ISSO ME PERMITIU ESTAR AQUI A
RELATAR-VOS ESTA MINHA EXPERIÊNCIA!
UM PEDAÇO DE VIDA!
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